terça-feira, 17 de agosto de 2010

Eu aplaudo essas pessoas



Amigão’ é o nome que um cão da raça husky ganhou da jornalista Débora Gonçalves ao ser resgatado de uma rua na Casa Verde, na Zona Norte de São Paulo, por volta das 16h30 do dia 30 de dezembro. Na madrugada chuvosa do mesmo dia, ela já havia avistado o cachorro em uma praça próxima à casa dela. Logo na primeira olhada, percebeu se tratar de um animal abandonado.

Ao reencontrá-lo horas mais tarde e diante do estado debilitado e enfermo do cão, decidiu retirá-lo da rua. “Ele estava super mal, com fome, dois tipos de sarna, ferido nas pernas e tinha um problema no quadril”, lembra Débora. Ao seguir o impulso, a jornalista deparou-se com o primeiro obstáculo: para onde levá-lo? Ela mora em um apartamento de dois quartos também na Casa Verde.


Na primeira noite, o husky foi levado para um veterinário, que o medicou. Mas a clínica não tinha condições de abrigar animais. No dia seguinte, Débora o transferiu para uma clínica veterinária que também funciona como hotel para animais de estimação no mesmo bairro.


Lá, Amigão, além da hospedagem, recebeu tratamento veterinário, alimentação e banho. Sem ter onde criá-lo, a solução, provisória, foi manter Amigão no hotel. Com ele já recuperado, Débora passou a enviar e-mails para conhecidos para tentar a doação do animal.

Sem saber, a jornalista passou a conhecer e a integrar um grupo cujos integrantes se autodenominam ‘protetores’ e que utilizam a internet para trocar informações, pedir ajuda e apoiar quem resgata animais maltratados e abandonados nas ruas das mais diversas regiões da Grande São Paulo.

Depois de tratá-los, mesmo que para isso tenham de pagar hospedagem em hotéis, por não ter onde criá-los, essa rede de protetores se mobiliza, então, para encontrar novos lares – estáveis e seguros – para estes animais. Apesar do contato frequente, muitas destas pessoas nem se conhecem pessoalmente. O que as une é a paixão pelos animais.

A história da Débora é semelhante à de muitos protetores, que começaram seguindo um impulso de resgatar um animal abandonado na rua. A grande maioria, no entanto, não para neste primeiro impulso. E passa a dedicar grande parte do tempo – e, em alguns casos, do orçamento – a essa atividade.

A publicitária Iracema Nogueira Lima, por sua vez, começou como protetora há seis anos, tirando da rua um vira-lata que ganhou o nome de Pop e mandando-o direto para um hotel. Desde então, contabiliza mais de 50 animais resgatados. De novembro de 2009 a maio de 2010, ela chegou a bancar 17 cães em uma clínica veterinária e hotel. “Consegui doar todos”, orgulhou-se.


Atualmente, mantém apenas um ‘pit-lata’ – cruzamento de pit bull com vira-lata – de nome Carlito, em um hotel em Cotia, na Grande São Paulo. Ela considera que faz pouco pelos animais abandonados.

“Eu não fazia parte. Você acaba entrando nesta rede do bem e descobrindo gente que faz coisas incríveis. Eu fico com vergonha do pouco que eu faço”, disse, logo após ser recebida com festa e lambidas em uma rápida visita a Carlito. Entre as suas ações, está a meta de pagar a castração de ao menos seis animais por mês. “É importante para fazer o controle demográfico, pois o abandono de cães e gatos é muito grande”, justificou.

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