sexta-feira, 18 de junho de 2010

87

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Ele não era de muitos sorrisos. Suas emoções se expressavam através das palavras que, vivas, contavam histórias e criavam, inventavam, encantavam.
José Saramago deixa essa vida aos 87 anos. Deixo aqui minha homenagem.

Saramago estreou na literatura em 1947 e foi reconhecido nos anos 1980
Escritor português ganhou o Nobel de Literatura em 1998. Consciente da idade, ele produziu com frequência nos últimos anos.

Prêmio Nobel de Literatura de 1998, o português José Saramago, morto nesta quinta-feira aos 87 anos, nasceu em 16 de novembro de 1922, na pequena aldeia portuguesa de Azinhaga, no Ribatejo, região central do país.
José de Sousa era conhecido pelo apelido de sua família paterna, Saramago, que o funcionário do Registro Civil acrescentou após seu nascimento.
Sua família, de camponeses de origem humilde, mudou-se para Lisboa quando José tinha dois anos. Eles buscavam uma vida melhor na capital de Portugal.
Aluno brilhante, ele teve de abandonar o ensino secundário aos 12 anos, por causa da falta de recursos de seus pais.

Antes de se dedicar plenamente à literatura, ele foi serralheiro, mecânico, editor e jornalista.

Ao longo de seis décadas de carreira literária, ele publicou cerca dec 30 obras, entre romances, poesia, ensaios, memórias e teatro.
Saramago publicou seu primeiro romance, "Terra do pecado", em 1947.
Em 1969, sob a ditadura salazarista, ele filiou-se ao Partido Comunista português, que na época estava na clandestinidade.
Depois de 47, ele ficou quase 20 anos sem publicar, argumentando que "não tinha nada a dizer". Na época, teve empregos públicos e trabalhou como editor e jornalista.
Entre 1966 e 1975, publicou poesia, apesar de depois ter dito mais tarde que se considerava apenas um "bom poeta". Lançou os títulos "Os Poemas Possíveis", "Provavelmente alegria" e "O ano de 1993".
Em 1977, publicou o romance "Manual de pintura e caligrafia". Depois, vieram os contos de "Objeto quase" (1978) e a peçã "A noite" (1979).
Mas o reconhecimento mundial só chegou com "Memorial do convento", de 1982, a que se seguiu "O ano da morte de Ricardo Reis", dois anos depois.
Os dois romances receberam o prêmio do PEN Clube Português.

Seu romance "O Evangelho segundo Jesus Cristo", de 1991, provocou polêmica com a Igreja Católica e foi proibido em Portugal em 1992. O romance mostrava um Jesus humano, com dúvidas, fraquezas e conversando com um Deus cruel. Em um dos episódios, Jesus perdia sua virgindade com Maria Madalena.

Um ano depois disso, ele decidiu se mudar para a ilha de Lanzarote, no arquipélago espanhol das Canárias, onde ficou até morrer, sempre acompanhado pela sua segunda mulher, a jornalista e tradutora espanhola Pilar del Río.

Em 1995, ganhou o Prêmio Camões pelo conjunto da obra e publicou "Ensaio sobre a cegueira", que ganharia versão cinematográfica, dirigida pelo brasileiro Fernando Meirelles, em 2008.

Em 1998, ele ganhou o Nobel de Literatura. Na justificativa da premiação, a academia afirmou que o português criou uma obra em que, "mediante parábolas sustentadas com imaginação, compaixão e ironia, nos permite captar uma realidade fugitiva".

Nos últimos anos foi hospitalizado em várias oportunidades, principalmente deivido a problemas respiratórios.
Seu último romance foi "Caim", de 2009, também bastante criticado pela Igreja Católica por conta de sua visão pouco ortodoxa do Velho Testamento.

Ateu, Saramago descrevia-se como um "comunista libertário".

"Terra do pecado", de 1947
"Manual de pintura e caligrafia", de 1977
"Levantado do chão", de 1980
"Memorial do convento", de 1982
"O ano da morte de Ricardo Reis", de 1984
"A jangada de pedra", de 1986
"História do cerco de Lisboa", de 1989
"O Evangelho segundo Jesus Cristo", de 1991
"Ensaio sobre a cegueira", de 1995
"Todos os nomes", de 1997
"A caverna", de 2000
"O homem duplicado", de 2002
"Ensaio sobre a lucidez", de 2004
"As intermitências da morte", de 2005
"A viagem do elefante", de 2008
"Caim", de 2009

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